quinta-feira, 23 de outubro de 2014

As técnicas e os testes projetivos II

As técnicas e os testes projetivos II
4.   Caracteres gerais dos métodos projetivos
Os métodos projetivos diferenciam-se, nitidamente, dos outros métodos de estudo da personalidade, por varias características:
·        Dentre as características, a mais importante é, o fato de procurarem obter a partir de um determinado estimulo, o maior numero de respostas qualitativamente diferentes.
·        A segunda característica é a necessidade para a interpretação, de considerar um segmento de comportamento de reação, a um estimulo, em função dos outros segmentos desse comportamento.
·        A terceira característica é o fato de o sujeito jamais poder reconhecer a significação psicológica da resposta dada.
5.   Técnicas e testes projetivos
O problema da quantificação das respostas é levado a propor outro: o da definição de técnicas e métodos projetivos de um lado, e testes projetivos de outro.
Muitas vezes apresenta-se uma tendência para recusar, a tais provas, o qualitativo de testes, por causa da impossibilidade de exprimir numericamente os seus resultados; preferem-se os termos técnica ou método.
Entre os processos projetivos, Rapaport procurou selecionar os testes projetiveis, caracterizáveis por quatro aspectos:
1)     São de aplicação pouco demorada.
2)     Não exigem o estabelecimento de “transferência”
3)     Limitam-se ao segmento do comportamento
4)     São padronizados
6.   Classificação dos métodos projetivos
Por causa de sua heterogeneidade, o numero considerável de provas existentes dificultou os esforços de classificação.
A classificação de Frank (que é a mais conhecida) divide as provas de acordo com sua utilização funcional em:
a)     Constitutivas: o sujeito deve dar uma estrutura e uma organização a um material não organizado e plástico.
b)    Construtivas: o sujeito deve a partir de um material definido, construir estruturas mais amplas.
c)     Interpretativas: o sujeito deve interpretar uma experiência ou uma constituição que tem uma significação afetiva.
d)    Catárticas: o sujeito exterioriza, sob a influência de um estimulo uma reação emocional.
e)     Refrativas: a personalidade do sujeito se revela pela deformação que impõem a um meio convencional de comunicação social.
A divisão que Eysenck propôs é a seguinte:
a)     Teste de completação: o sujeito deve completar uma cadeia de associações, uma frase ou uma historia, cujo inicio constitui o estimulo.
b)    Testes interpretativos: o sujeito deve interpretar discutir ou contar uma historia, a partir de um estimulo.
c)     Testes de produção: pede-se ao sujeito para desenhar, pintar ou, numa situação de jogo, construir ou produzir uma construção destinada a ser avaliada ou interpretada.
d)    Teste de observação: o sujeito é colocado em uma situação francamente estruturada, e seu comportamento é observado.
A classificação de Bell é seguinte:
a)     Associações de palavras e técnicas semelhantes
b)    Técnicas de estímulos visuais
c)     Movimentos expressivos e técnicas semelhantes
d)    Jogo, dramatização e técnicas semelhantes.
7.   Os limites das técnicas projetivas
As vezes é muito  difícil traçar uma linha de demarcação, e alguns testes podem, de acordo com a técnica de interpretação dos resultados, ser colocados em duas categorias diferentes.

Ex: o caso do “desenho de um homem”, de Florence Goodenough, que é de acordo com o método de avaliação de seu autor, um teste de desenvolvimento intelectual; mas pode também ser utilizada como técnica projetiva por Karen Machover.

As técnicas e os testes projetivos

As técnicas e os testes projetivos
O termo método projetivo é de 1939, que quando L.K. Frank publicou um trabalho com o titulo “métodos projetivos para o estudo da personalidade”, onde ele dizia: o caráter essencial de uma técnica projetiva é o de evacuar do sujeito, aquilo que é de diferentes maneiras, a expresso de seu mando pessoal e dos processos de sua personalidade.
1.   O conceito de projeção
O termo projeção foi criado por Sigundo Freud, e para ele a concepção psicanalítica de projeção era:
“a projeção, no exterior, de percepções internas, é um mecanismo primitivo que também influi, por exemplo, em nossas percepções sensoriais, embora desempenhe, normalmente, um papel fundamental na construção do nosso mundo exterior. Em circunstâncias que não foram, até agora, suficientemente especificadas, até as percepções internas dos processos ideacionais ou emocionais são projetadas no exterior, da mesma forma que as percepções sensoriais, e são utilizadas para modelar o mundo exterior.”
2.   Antecedentes das técnicas projetivas
a)    Antecedentes históricos: assinalou-se, muitas vezes, o fato de quase todas as técnicas projetivas terem nascido na Europa, principalmente nos países de língua alemã; pois os psicólogos de língua alemã, tinham interesse em uma psicologia compreensiva (geisteswissenschaftliche psychologie), holística, e de exploração das profundidades (tiefenpschologie).
b)    Antecedentes psicológicos: os métodos projetivos foram influenciados por duas grandes tendências psicológicas:
·        Psicanálise
·        Psicologias holísticas, e mais especificamente pela psicologia da forma.
c)     Os antecedentes científicos: L.k. Frank traça um paralelo entre a evolução dos métodos de estudo da personalidade e os da física nuclear.
3.   Os fundamentos teóricos das técnicas projetivas
Através de Bell, pode-se resumir a quatro os conceitos sobre a natureza da personalidade:
A.   A personalidade não é um fenômeno estático, mas um processo dinâmico.
B.   A personalidade é explorável, apesar de sua natureza dinâmica, porque é estruturada.
C.   O comportamento do individuo é adaptativo e é o resultado da interação da estrutura da personalidade e do meio.
D.   A estrutura da personalidade é, em grande parte inconsciente.




sábado, 18 de outubro de 2014

Os testes analíticos de personalidade III

Os testes analíticos de personalidade III
métodos objetivos
Os métodos objetivos tendem a basear-se cada vez mais na analise fatorial; um dos primeiros métodos foi o teste de Doucney. Desenvolveu mais na Inglaterra que nos estados unidos, e as obras de Cattel e de Eyrenck dão indicações pormenorizadas a respeito de tais técnicas. Usando os métodos objetivos, Hartrhorne e May fizeram uma serie de testes sobre o sentido ético, onde procuravam estudar o comportamento moral da personalidade.
Para medir os traços não cognitivos da personalidade, existe uma grande serie de testes de eficiência; a sua validação geralmente é empírica, e se baseia em critérios clínicos.
 Os labirintos de porteus: a avaliação qualitativa permite apreciar a adaptação social.
Teste de barragem: criado por Touloure e Píeron, e modificado por Zazzo, permite o estudo de diversos aspectos da personalidade, de acordo com uma modalidade de tipológica.
Entre os traços de personalidade, validados através da analise fatorial e estudáveis por métodos objetivos, os mais importantes são os seguintes:
-sugertibilidade (Eyrenck)
- perseverança (cattel)

-rurgência – derrurgencia ou fator F (cattel)

Os testes analíticos de personalidade II

Os testes analíticos de personalidade II
Os questionários
Questionário é um grande numero de provas, que consistem em apresentar a pessoa um grande numero de questões; geralmente é pedido a ela que responda sim ou não, e às vezes a pessoa esta autorizada a responder “não sei”.
Dentre os numerosos questionários estes são os principais:
1)     Questionários de temperamento e inventario de personalidade
·        O inventario de personalidade de Bernreuter mede os seguintes traços: auto-suficiência, introversão-extroversão, dominação-submição, tendências neuróticas.
·        A escala de temperamento de Humm – Wadsworth, validada de acordo com a concepção de personalidade de Rosanoff, abrange os seguintes traços: normal, histeróide, depressivo, artístico, paranoide, epileptoide.
2)     Questonáros psicopatológicos
Destes tipos de questionários existem duas formas:
·        A primeira tem como objetivo selecionar, numa população, as pessoas que apresentam personalidades patológicas, qualquer que seja seu tipo de deformação.
·        A segunda procura precisar o tipo de desvio patológico da personalidade da pessoa.
3)     Questionários de adaptação
  Estes questionários procuram medir o grau de adaptação de um individuo ao seu meio social, assim como descobrir os campos de desajustamento.
4)     Questionários de atitudes
Com ele é possível medir a opinião das pessoas a respeito de: questões sociais, politicas, pessoais, culturais, etc.
Thurstone estabeleceu 34 questionários deste tipo. A analise fatorial isolou, nestes questionários, dois fatores principais: radicalismo – conservantismo e nacionalismo – internacionalismo.
5)     Questionários de interesses
Esses questionários se baseiam nas concepções de Spranger, que postula a existência de seis setores de interesse: estéticos, econômicos, políticos, religiosos, sociais, teóricos.
Os questionários mais conhecidos são os de: Kuder, Strong e Thurstone.






Os testes analíticos de personalidade I

Os testes analíticos de personalidade
Os testes analíticos de personalidade têm sistemas muito diversos de validação. Alguns são validados empiricamente, através de critérios exteriores ( nosologia psiquiátrica); outros são validados a priori, de acordo com as concepções psicológicas de seu autor (introversão – extroversão); outros são validados de uma maneira empírica, que depende da analise fatorial.
Os métodos de observação
A.  A entrevista
Provavelmente este é o método mais “clinico” e menos padronizado; pois apresenta como caráter essencial, o fato de colocar em primeiro plano as interações entre o examinador e o sujeito; é muito pouco susceptível a quantificação.
B.   A sociometria
Em 1934, J.L. Moreno desenvolveu a determinação da estrutura das relações interpessoais, também conhecida como “sociometria”. Num grupo, pergunta-se a cada pessoa, com que membro do grupo preferiria morar, trabalhar, etc.; essas escolhas permitem a esquematização de “sociogramas”, a seguir estes podem ser estudados quanto a sua estrutura, suas variações, etc.
C.   As escalas de avaliação
O objetivo destas escalas é a avaliação por um observador, de um ou vários traços de comportamento de um individuo.
As escalas de avaliação são fundamentalmente, idênticas ao método de observação clínica, que se baseia na expressão numérica do resultado. Esta peculiaridade permite sua utilização estatística, especialmente pelas analises fatoriais.
As escalas podem ser utilizadas, tanto isoladamente, quanto no quadro da entrevista ou do sociograma.
                                                                                                         
  



sábado, 11 de outubro de 2014

Personalidade, caráter e temperamento

Personalidade, caráter e temperamento
Entre os termos personalidade, caráter e temperamento existem uma frequente confusão; o caráter geralmente era considerado, como uma parte da personalidade, ou seja, como um de seus aspectos. Sobre o caráter, Allport e Vernon explicitaram três pontos de vista principais:
·        Caráter é o aspecto moral e ético da personalidade.
·        Segundo McDougall, o caráter é aspecto conativo da personalidade.
·        Para os psicanalistas, caráter identifica-se ao ego e ao superego, e opõem-se ao id.
Temperamento
A definição de Allport sobre temperamento é a seguinte:
“o temperamento refere-se aos fenômenos característicos da natureza emocional de um individuo, aí incluídas suas susceptibilidade as estimulações emocionais, a força e a rapidez habituais de suas respostas, a qualidade de seu humor predominante, assim como todas as particularidades das flutuações e da intensidade de seu humor: consideram-se tais fenômenos como dependentes de um estado constitucional e, por conseguinte, de origem em grande parte hereditária.


Conceito de personalidade

Conceito de personalidade
Em 1930, Allport e Vernon analisaram diferentes definições de personalidade. Estas são englobadas em cinco categorias:
1.     Definições Somativas: constituem a expressão de uma concepção atomística da psicologia, e consideram a personalidade como a soma de certo numero de elementos unitários.
2.     Definições Integrativas: acentuam a noção de organização dos fatores constitutivos.
3.     Definições Hierárquicas: aproxima-se das precedentes, mas ao acentuar a noção de organização dos fatores constitutivos, insistem na noção de uma organização vertical e hierárquica, mais do que na organização horizontal.
4.     Definições que acentuam a adaptação: decorreram de um modo geral do comportamentismo.
Para Watson e Bowden a personalidade é formada pelas tendências controladoras, definitivamente fixadas, de adaptação do individuo ao seu ambiente.
5.     Definições que acentuam o caráter único de cada individuo: estas definições constituem uma reação contra a tendência sociológica, que procura identificar personalidade e cultura.


Personalidade do Marginal

Personalidade do Marginal
O conceito de marginalidade
Quando um sujeito se situa na divisa de duas raças, na margem de duas culturas, sem pertencer a nenhuma delas, ele passar a ser um “marginal”. Isto acontece quando um sujeito que através de migração, educação, casamento ou outras influências; deixa um grupo social ou cultural, sem realizar um ajustamento satisfatório a outro.
Um sujeito que esta na situação de marginal defronta-se com um problema, deve escolher entre padrões incompatíveis uma solução conveniente; por causa da escolha, as situações que devem enfrentar são situações problemáticas; e em consequência sua conduta revela serias alternativas: ora aceita, ora repele um determinado padrão de comportamento ou valor qualquer. Emoções e sentimentos se combatem, conhecimentos e valores adquiridos anteriormente, entram em conflito com novos sentimentos e valores. O próprio sujeito avalia-se sob dois pontos de vista diferentes, e sofre as consequências do embate da lealdade que devota ou julga devotar relativamente a cada grupo em presença.
Durante a crise da marginalidade, o sujeito torna-se demasiadamente autoconsciente e supersensível; e apresenta certos sintomas: ambivalência de atitudes, sentimentos de inferioridade, recalcamentos, psicoses, certas compensações, suicídio, crime, etc. Esses sintomas manifestam-se com maior ou menor intensidade em sua duração.
Essa crise só acaba, quando o sujeito consegue ajustar-se, de maneira completa e definitiva a um dos grupos.

  

domingo, 5 de outubro de 2014

Papel e Personalidade

Papel e personalidade
O papel é considerado como intermediário entre as exigências sociais e comportamento individual.
Segundo Parsons: os papeis são do ponto de vista do funcionamento social, os mecanismos primários, através dos quais se preenchem as condições funcionais do sistema. O conceito de papel também pode ser usado num sentido explicativo, quando define as expectativas das pessoas em geral, a respeito do comportamento adequado, para indivíduos que ocupam uma determinada posição.

O comportamento adequado ao papel é despertado através de um sistema de sanções positivas e negativas (assim como recompensas e punições); mais também pode ser provocado pelo desenvolvimento de motivações que garantam comportamento adequado, sem aplicações de sanções externas.

A Personalidade no funcionamento social

A Personalidade no funcionamento social
Através da garantia do comportamento apropriado, e da redução do comportamento divergente e perturbador; parecia possível distinguir três maneiras pelas quais se pensava que a personalidade funcionasse nos sistemas sociais, ou nestes influísse:
·        Como um determinante de instituições sociais
·        Como elo integrador das instituições sociais
·        Como um apoio das instituições sociais
Personalidade como um elo determinante de instituições sociais
Para Roheim que apresentou uma rica documentação para a crença de que mitologia e os rituais religiosos receberam sua forma e conteúdo de variantes, da neurose infantil que liga ao complexo de Édipo.
Para Kardiner as instituições secundárias de uma cultura são determinadas por constelações básicas de personalidade.
A diferença entre os dois é que para Roheim, o complexo de Édipo, atuava universalmente nos processos de personalidade; já para Kardiner a ideia desses processos varia de um grupo para o outro.
Personalidade como um fator na integração de instituições sociais
Segundo a teoria de Abram Kardiner, alguns aspectos de uma cultura, que é determinada “instituições primárias”, exercem um papel decisivo na formação das características da personalidade dos membros do grupo.
Ex: se todas as crianças de um grupo sentem a influência das instituições primarias, os padrões adultos resultantes serão comuns a todos.
Essas características comuns de personalidade, conhecidas como estrutura da personalidade básica, exercem uma influencia decisiva em alguns outros aspectos da cultura, ou seja, nas instituições secundarias.
A estrutura da personalidade básica serve como um elo entre diferentes instituições sociais, e é considerada uma das principais bases de integração da cultura.
Personalidade como um apoio das instituições sociais
Os sistemas sócios - cultural só existem concretamente nos indivíduos, por isso sua preservação depende do apoio e da submissão destes; pois os indivíduos portadores de uma cultura devem agir voluntariamente para com ela. O desenvolvimento nos membros do grupo que assegurem essa vontade de participar pode ser considerado como principal tarefa das instituições da socialização.