terça-feira, 19 de abril de 2011

Traços Individuais versus Traços Comuns

Traços Individuais versus Traço Comuns
  A rigor, duas pessoas nunca tem exatamente o mesmo traço; embora dois homens possam ser agressivos (ou estéticos), o estilo e a amplitude da agressão (ou do esteticismo) são, em cada caso, claramente diferentes. A causa da individualidade ultima de cada traço é, na realidade, invencível; no entanto, existe certa logica que justifica a pesquisa de unidades comparáveis e mensurais.
Apesar de suas diferenças básicas, as pessoas normais, em determinada área cultural, tendem a desenvolver um numero limitado de modos de ajustamento, grosseiramente comparáveis. A dotação original da maioria dos seres humanos, seus estágios de desenvolvimento, e as exigências de sua sociedade específica, são suficientemente padronizadas e comparáveis, a fim de permitir provocar alguns modos básicos de ajustamento, que são, entre indivíduos, aproximadamente os mesmos.
No sentido estrito da definição de traços, apenas o traço individual é um traço real:
a)     Porque os traços estão, sempre, em indivíduos, e não na comunidade em geral.
b)    Porque se desenvolvem e se generalizam em disposições dinâmicas, sob formas singulares, de acordo com as experiências de cada individuo.
O perigo a ser evitado é a errada suposição de que o traço comum corresponde, sempre e exatamente, às disposições neuropsíquicas dos indivíduos. O traço comum não é, de forma alguma, um traço verdadeiro, mas apenas um aspecto mensurável de traços individuais complexos.


domingo, 17 de abril de 2011

Formulação das impressões

Formulação das impressões
Formulação Somatória
É possível supor que a impressão de uma pessoa seja a soma das características nela observada; de acordo com esta suposição, conhecer uma pessoa é simplesmente conhecer certo numero de fatos a seu respeito.
Se representar as qualidades de uma pessoa pelas letras a, b, c, d, e, a impressão total pode ser expressa como:
Impressão = a + b + c + d + e
Formulação Gestáltica
As qualidades que são notadas em uma pessoa tiram seu conteúdo, em grande parte, da relação, de acordo com certas leis, entre elas; a interação das qualidades forma uma impressão unitária. De acordo com esta suposição, as qualidades são vistas em sua relação reciproca, em seu lugar dentro da impressão total.
Isto pode ser expresso da seguinte forma:
Impressão =

sábado, 16 de abril de 2011

Estudos sobre a percepção

 Estudos sobre a percepção
  Os primeiros estudos estavam interessados em mostrar a natureza da “deformação” na percepção, assim como fontes da imprecisão perceptual, e foram influenciados pelo pensamento importado da psiquiatria clínica, onde as doutrinas de “pensamento autístico”, “defesa”, “processos primários” (uma hipotética alucinação infantil dos desejos), se tornaram dominantes, a partir do trabalho pioneiro de Freud.
1º estudo
Levine, Chein e Murphy mostraram, aos sujeitos, um conjunto de figuras de alimentos, colocadas atrás de uma parede de vidro fosco, que as turvava e tornava ambíguas; então, pedia-se ao sujeito que descrevesse a primeira associação provocada, em seu pensamento, pela figura turvada. Verificaram que as associações, ligadas a alimentos e refeições, aumentavam com o aumento do período de jejum dos sujeitos, e atingiam o ponto máximo por volta de um período de 10 a 12 horas de falta alimento, depois desse período, diminuía o numero de associações referentes a alimentos.
Os autores tentaram explicar o resultado através do principio de prazer, que atuaria em condições de fraco impulso; esse princípio seria superado pelo principio da realidade, quando a fome se tornasse aguda.
Os erros deste estudo foram: o tipo de resposta associativa empregada; o fato de os sujeitos saberem que receberiam alimentos depois das horas exigidas de jejum. Esse estudo estimulou estudos de verificação.
2º estudo
McClelland e Atkinson trabalharam com sujeitos que não sabiam da relação entre sua fome e o teste perceptual a ser respondido. Os sujeitos – marinheiros de uma base de submarinos – deviam “reconhecer”, numa tela, objetos “pouco perceptíveis”. Na realidade, a tela não tinha esses objetos; os homens apresentaram um aumento nas respostas instrumentais de alimento – viam utensílios de refeição e coisas semelhantes – mas, com o prolongamento das horas em jejum, não apresentaram aumento quanto ao numero de objetos de refeição que viam.
Um possível erro neste estudo seria de marinheiros dedicados submetendo-se a um experimento para fazer seu serviço militar.
3º estudo
Prisioneiros de guerra e vitimas dos campos de concentração, sob as condições de “quase-fome” prolongada e crônica, numa entrevista logo depois de suas libertações, verificou-se a menção repetida de dois extremos:
- os preocupados com alimento
- e os que evitam, tanto quanto possível, a referência ao assunto.
Isso sugere que a maneira, pela qual a motivação e a seletividade cognitiva interagem, é determinada, não pela quantidade de necessidade, mas sim pela forma aprendida de enfrentar suas necessidades.



Percepção Social

           Percepção social
  O termo “percepção social” veio a ter um amplo emprego, a fim de descrever a maneira pela qual a pessoa percebe ou infere os traços e as intenções de outra; existe um continuo aparecimento de estudos experimentais a respeito da maneira pela qual os fatores sociais provocam tipos de seleção, tanto no que uma pessoa percebe, quanto a sua maneira de perceber.
As atitudes sociais são definidas como uma preparação para ter a experiência de acontecimentos, sob certas maneiras consistentes e seletivas; sem atitudes adequadas, e sem uma estrutura linguística apropriada, uma pessoa não percebe, imediatamente, certos acontecimentos no ambiente, enquanto outra, adequadamente dotada de atitudes e de uma linguagem, os observaria como salientes.




Impressão de pessoas

     Impressões de pessoas
  A partir dos diferentes aspectos do individuo, as pessoas formam uma concepção, a seu respeito, como um tipo especial de pessoa, com características relativamente duradouras. As pessoas estabelecem relações significativas com outras pessoas que tem identidade e individualidade; é uma tarefa universal e habitual procurar conhecer as pessoas. Pois uma pessoa precisa observar e compreender alguma coisa de outra, para que se possa estabelecer uma relação de afeição ou desconfiança.
Quando o ato e a pessoa entram em formação-de-unidade cognitiva, a pessoa adquire a qualidade de seus atos, exatamente como as ações de um objeto se tornam uma sua propriedade funcional; um ato generoso modifica a opinião que uma pessoa tem a respeito da outra, e essa dá a ela qualidade de generosidade.
 Pontos principais na formação de impressões
1.     Há esforço para formar uma impressão da pessoa como um todo. A impressão tende a tornar-se completa, mesmo quando as provas são poucas; é difícil não ver a pessoa como uma unidade.
2.     Não se podem ver duas qualidades na mesma pessoa sem que elas exerçam influencias reciprocas.
Ex: se uma pessoa é inteligente e alegre, e outra inteligente e taciturna, a qualidade da inteligência deixa de ser a mesma nas duas.
3.     Desde a sua formação, a impressão tem uma estrutura, ainda que rudimentar. As várias características não possuem o mesmo valor. Algumas se tornam periféricas e dependentes.
4.     Cada traço possui a propriedade de uma parte num todo. A introdução ou missão de um único traço pode alterar a impressão total. Só quando a qualidade encontra seu lugar na impressão completa é que desenvolve o seu conteúdo e função.
5.     Cada qualidade atua como um representante da pessoa total. A pessoa fala através de cada uma de suas qualidades, embora através de algumas o faça com maior clareza do que através de outras.
6.     No decorrer da interação, entre uma impressão já presente e uma qualidade especifica, o caráter concreto desta ultima é desenvolvido dentro das exigências estabelecidas, para ela, pelo seu ambiente.
7.     Estas etapas conduzem a descobertas de consistências e contradições. Certas qualidades parecem colaborar umas com as outras; outras colidem.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A percepção da pessoa

      A percepção da pessoa
  Quando se vai discuti a percepção das pessoas, é preciso falar a respeito de quatro aspectos:
1)    Os objetos relevantes ou conteúdos
2)    Os padrões de estimulo
3)    Os mecanismos de atribuição
4)    As configurações equilibradas de sentimento
Mac Leod chama a atenção para o fato de o termo “percepção social” ser usado em dois sentidos:
1.     Para fazer referencia ao problema de determinação social de percepção.
2.     Para fazer referencia ao problema de percepção do social.
Na percepção de coisas, veem-se objetos que tem cor, que estão colocados em certa posição especifica no espaço circundante, e tem propriedades funcionais que os tornam adequados ou não para as intenções das pessoas; essas propriedades definem seu lugar no espaço de relações, meios-fins, e definem também seus possíveis efeitos sobre as pessoas.
Ex: existe uma cadeira na qual se pode sentar, existe um objeto com o qual se pode cortar papel, amarrar um embrulho, escrever um bilhete.
As pessoas são percebidas como possuidoras de capacidades, a agir intencionalmente, a ter desejos ou sentimentos, a perceber ou observar outras pessoas; elas são sistemas que tem representações; podem ser amigas ou inimigas; e cada uma delas tem seus traços característicos.


Personalidade através da história

Personalidade através da história
  No período feudal, o senhor e cavaleiro tinha personalidade, mas o servo ou o escravo não; a destruição do feudalismo e da estrutura rígida de classe, assim como revolução comercial, tendia a considerar o individuo por si mesmo, independente de seu nascimento; progredia graças a si mesmo – á sua personalidade.
Com colapso das fronteiras de classes, os artesãos e os comerciantes conseguiram – individualmente – personalidades. Também no tempo atual de pioneirismo (nos Estados Unidos), os homens da fronteira eram supostamente semelhantes em sua situação, em sua categoria, em sua oportunidade, mas diferentes quanto à personalidade.
Para o pioneiro, toda gente tinha, ou moralmente deveria ter, uma personalidade distinta; à medida que a vida sedentária se desenvolveu aquém da fronteira, no “Florescimento da Nova Inglaterra”, apareceu a concepção inteiramente realizada e extremamente enriquecida da personalidade individual, o sentimento de humanidade floresceu numa reverente e absorvente idealização do individuo.

Três níveis de complexidade

Três níveis de complexidade
  Com relação aos problemas da personalidade, é preciso considerar, pelo menos, três níveis de complexidade.
1)    A personalidade pode ser considerada como um objeto ou um fato num contexto mais amplo; é identificável, pode ser situada rigorosamente no tempo e no espaço, e é homogênea.
Ex: um ponto num mapa, uma bola de bilhar sobre a mesa.
Esta concepção é útil em muitos problemas sociológicos e alguns psicológicos, principalmente nos de caráter estatístico.
2)    A personalidade pode ser comparada a uma crisálida; é também identificável e rigorosamente limitada, mas possui uma estrutura interna. Não é homogênea é organizada; este nível exige um exame paciente e penetrante da natureza da estrutura interna de uma crisálida, ao ser comparado com outra.
Essa forma de estudo é utilizada cada vez mais, com grande aproveitamento, na previsão e no controle.
3)    Este nível de analise estuda a relação homem-mundo e o campo organismo-ambiente; pois: o organismo existe, porque as mudanças externas e os ajustamentos internos encontram-se bem harmonizados.

Os dois sentidos de personalidade

Os dois sentidos de personalidade
  Para o termo “personalidade” há dois sentidos coerentes, e eles indicam diferenças de pontos de vista e de método.
- No sentido mais comum: o termo compreende o setor das diferenças individuais, ou as diferenças relativamente persistentes, ou as emocionais e volitivas, distintas das intelectuais.
 - O segundo sentido: compreende aquilo que todas as personalidades, como tal, possuem; deste ponto de vista, procura-se descobrir a natureza das personalidades em geral, assim como das arvores em geral.
Essas duas concepções de personalidades precisam ser utilizadas, embora, em cada discussão de personalidade, a localização do centro de interesse tenha pouca importância.
Sob toda complexidade ilimitada dos atos pessoais, está o substrato orgânico geral, o sistema de potencialidades orgânicas (em resumo, o organismo); é possível atingi-lo a partir de muitos pontos de observação e através de muitas técnicas. O organismo que o biólogo estuda e a personalidade que o psicólogo estuda seriam a mesma coisa, a não ser pelo fato de o psicólogo ter tendência para acentuar as funções mais complexas, e para indicar mais explicitamente seu desejo de ver, todas as inter-relações no interior do organismo, bem como a hierarquia de leis que governa essas inter-relações.

O estudo científico da personalidade

O estudo científico da personalidade
  Com relação à personalidade humana não é fácil adquirir uma atitude cientifica, quando se tenta faze-lo, surgem todos os tipos de problemas emocionais e teóricos, todos os tipos de situações implícitas, que tendem a colorir o pensamento e a deformar o julgamento, a não ser que, desde o início, sejam explicitados.
Assumir uma atitude imparcial e cientifica com relação a um ser humano é fazer uma coisa diferente e “não-natural”; fazer isso seria tratar um outro ser humano como se fosse uma coisa a ser analisada e conceitualizada, e a não ser amada, odiada, julgada como pecadora ou vencedora, apreciada ou criticada. Isso envolve a suposição de que a natureza humana pode ser compreendida da mesma forma que uma arvore ou uma pedra, essa suposição não é aceita por todos de forma alguma; existem importantes razões pelas quais as pessoas devem resistir, emocionalmente, a essa ideia.
 As origens do interesse pela compreensão da personalidade
Sempre houve um profundo interesse das pessoas pela personalidade humana. O motivo de tal preocupação é que o homem desenvolveu suas habilidades técnicas, o seu conhecimento e controle da natureza, chegou ao ponto em que pode destruir a si mesmo; seria preciso desenvolver o conhecimento da natureza humana, até chegar a compreendê-la e controla-la, e talvez impedir a autodestruição do homem.
   A Revolução Freudiana
Freud apareceu nesse quadro com uma nova ideia que deveria modificar a crença que o homem tinha na possibilidade do conhecimento cientifico da personalidade humana.
A sua ideia era apenas esta: o homem, a fim de assegurar o triunfo da razão, deve estender o seu domínio aos elementos inconscientes e irracionais que durante tanto tempo abalaram a crença humana no poder da razão.
Empregou sua longa vida no reconhecimento do “Submundo” dos impulsos agressivos, anti-sociais e sexuais, cuja existência tinha frustado, durante tanto tempo, as tentativas do homem para o autocontrole; através dessas explorações, Freud formulou o instrumento racional que, segundo ele, deveria dar ao homem o domínio desses impulsos “a psicanálise”