Estudos sobre a percepção
Os primeiros estudos estavam interessados em mostrar a natureza da “deformação” na percepção, assim como fontes da imprecisão perceptual, e foram influenciados pelo pensamento importado da psiquiatria clínica, onde as doutrinas de “pensamento autístico”, “defesa”, “processos primários” (uma hipotética alucinação infantil dos desejos), se tornaram dominantes, a partir do trabalho pioneiro de Freud.
1º estudo
Levine, Chein e Murphy mostraram, aos sujeitos, um conjunto de figuras de alimentos, colocadas atrás de uma parede de vidro fosco, que as turvava e tornava ambíguas; então, pedia-se ao sujeito que descrevesse a primeira associação provocada, em seu pensamento, pela figura turvada. Verificaram que as associações, ligadas a alimentos e refeições, aumentavam com o aumento do período de jejum dos sujeitos, e atingiam o ponto máximo por volta de um período de 10 a 12 horas de falta alimento, depois desse período, diminuía o numero de associações referentes a alimentos.
Os autores tentaram explicar o resultado através do principio de prazer, que atuaria em condições de fraco impulso; esse princípio seria superado pelo principio da realidade, quando a fome se tornasse aguda.
Os erros deste estudo foram: o tipo de resposta associativa empregada; o fato de os sujeitos saberem que receberiam alimentos depois das horas exigidas de jejum. Esse estudo estimulou estudos de verificação.
2º estudo
McClelland e Atkinson trabalharam com sujeitos que não sabiam da relação entre sua fome e o teste perceptual a ser respondido. Os sujeitos – marinheiros de uma base de submarinos – deviam “reconhecer”, numa tela, objetos “pouco perceptíveis”. Na realidade, a tela não tinha esses objetos; os homens apresentaram um aumento nas respostas instrumentais de alimento – viam utensílios de refeição e coisas semelhantes – mas, com o prolongamento das horas em jejum, não apresentaram aumento quanto ao numero de objetos de refeição que viam.
Um possível erro neste estudo seria de marinheiros dedicados submetendo-se a um experimento para fazer seu serviço militar.
3º estudo
Prisioneiros de guerra e vitimas dos campos de concentração, sob as condições de “quase-fome” prolongada e crônica, numa entrevista logo depois de suas libertações, verificou-se a menção repetida de dois extremos:
- os preocupados com alimento
- e os que evitam, tanto quanto possível, a referência ao assunto.
Isso sugere que a maneira, pela qual a motivação e a seletividade cognitiva interagem, é determinada, não pela quantidade de necessidade, mas sim pela forma aprendida de enfrentar suas necessidades.
Nenhum comentário:
Postar um comentário