terça-feira, 8 de março de 2011

A Literatura do Ballet

               A Literatura do Ballet
  A parte literária do ballet é a parte em que conta uma história para o público, não por meio de palavras, nem por meio de gestos imitativos, mas apenas sugerindo-a através da atmosfera criada.
Ex: um espetáculo, em que conta a historia de uma jovem que ao voltar para casa, depois do seu primeiro baile, sonha com o espírito de uma rosa, que havia ganhado do namorado, e que levava presa ao peito.
Podem existir diversos modos de contar um fato; assim, pode a bailarina aparecer no palco, e através de gestos convencionais contarem o que se passa em seu coração; ou seja, ela usa a mímica, que é uma linguagem definida tradicionalmente.
De acordo com o que é contado existem três tipos de ballet:
a) atmosfera;
b) tema;
c) história.
Ballet de atmosfera: o que sugere a atmosfera não é a história, nem o tema, mas um ar que circunda toda a peça, o qual é realçado pela musica e a decoração.
Ex: o terceiro ato apresenta um ballet, em que, num bosque enluarado, encontram-se sílfides a dançarem livremente.
Ballet de tema: não se define completamente o que faz agora, o que faz depois, e depois, e assim por diante; há apenas um tema; é sugerida uma leve trama.
Ballet de história: o publico está diante de uma historia contada do inicio ao fim.
Ex: a história de uma moça apaixonada por um camponês, desconhecendo, porém, que este camponês era um príncipe disfarçado, e quando descobre, depois de passar por muitas peripécias, perde a razão e suicida-se.


domingo, 6 de março de 2011

O Bailarino

          O Bailarino
  A técnica tem um preponderante na dança clássica, uma vez que o corpo humano é transmissor, é o meio de realização; portanto ele precisa ser educado; para isso o bailarino deve apresentar certas qualidades físicas, como:
a) um corpo bem feito;
b) graça natural;
c) senso rítmico.
Por corpo bem feito compreende-se um corpo proporcionado, um corpo onde os braços não são demasiadamente longos, nem demasiadamente curtos; onde uma perna não é demasiado gorda, nem demasiado fina; onde a altura e o peso estão de acordo; enfim, um corpo onde todos os membros e componentes são proporcionais, formando uma harmonia.
Graça natural é aquela graça que faz com que os gestos saiam naturalmente, como se fizessem parte dele, em que nada é forçado, em que há fluidez nos movimentos.
Senso rítmico é a capacidade realizar os passos de acordo com a música, e construir, assim, uma coordenação entre ambos.
Isso na quer dizer que quem não possui o corpo ideal não pode dançar; pois o papel do professor é precisamente o de tirar partido, tanto dos defeitos como das qualidades de um aluno, e que um bailarino, com muito esforço, pode modificar seu próprio corpo.
Ex: Maria Taglioni possuía braços demasiadamente compridos e, por isso levava-os freqüentemente dobrados ao peito, tirando do seu defeito o melhor partido, dando realce a sua fraqueza.
O artista deve ser julgado pela sua capacidade de interpretação aliada a uma poderosa técnica, e não se deixar levar pela suas acrobacias.
A diferença de um para o outro se verifica mais no caráter psicológico de cada artista, pois ambos necessitam da técnica. O primeiro, o acrobata é o artista que busca aplausos; o segundo realiza todos os passos difíceis, mas estes apenas servem para dar relevo a sua expressão, ao que quer dizer.
Os bailarinos podem ser classificados de acordo com o papel que representam:
Ballerina noble – é a bailarina clássica por excelência; dança com tutu clássico, e precisa ter uma técnica extraordinária ao lado de uma grande personalidade. Os papeis mais característicos da ballerina noble são: a princesa dos cisnes, no “Lago do Cisne”; a princesa Aurora, na “Bela Adormecida”; “Sílfide”, etc.
Danseur noble – é o bailarino que serve de partenaire à bailarina, e que se chama no adágio de “support”.
Ex: o príncipe do “Lago do Cisne”, o príncipe Albrecht em “Gisele”, etc.
Danseuse de demi-caratère – a bailarina precisa ter também uma técnica perfeita, mas deve subordinar a sua personalidade ao papel que deve representar.
Ex: a Colombina, no ballet “Carnaval”.
Danseur de caractere – é que interpreta um papel co muita mímica, muito teatral, em geral papel grostesco ou cômico.
Ex: as danças do “Príncipe Igor”, o sapateiro do “Sapatinho Vermelho”.
Danseuse de caractere – é muito difícil um papel de caractere para uma bailarina, a não ser danças nacionais de um país.
Ex: a mulher do moleiro no “Chapéu de trÊs bicos”, a feiticeira em “Branca de Neve”.  

sexta-feira, 4 de março de 2011

A Técnice de apreciação do Ballet

A Técnica da apreciação do Ballet
  Desde os tempos mais antigos se procurou um meio de gravar os passos da dança, por ela ser uma sucessão, pois a um passo segue-se outro, a dificuldade para a escrita é muito grande; podem-se representar as poses, as posições, não, porém a sucessão dinâmica.
Thoinot – Arbeau foi um dos primeiros a realizar esse trabalho, com seu livro “Orchesografia” (a escrita da dança) em 1588; onde cita todas as danças existentes até seu tempo, com ampla descrição de cada uma.
Pierre Rameau estabeleceu as bases da dança clássica, realizadas no tempo de Lully, no livro “Le maítre à danser”, em 1725, onde predominou em todo século XVIII.
Carlos Blasis foi outro grande teórico da dança, com sua primeira obra didática chamada “Traitá elementaire théorique et pratique de l’art de La danse” (“A arte de Terpsicore”), em 1820.
  A Técnica Russa
O estilo francês é formado por passos delicados, leves e “coquetes”; apresenta muita delicadeza, abandono, coqueteria.
O estilo italiano se desenvolve em força e acrobacia, os movimentos são vivos, rápi8dos, com grandes saltos; o bailarino é veloz.
O estilo italiano e o estilo francês fundem-se na Rússia, e criam um novo estilo, combinando a graça do estilo francês com a vigor do estilo italiano, insuflado pela espiritualização, pela expressão própria da alma russa.
Os elementos de apreciação
Todo o exercício compõe-se de duas partes:
O adágio constitui movimentos lentos, majestosos, bem desenvolvidos; constitui o elemento feminino da dança.
O allegro é a exaltação, a liberdade do corpo, forte e vibrante, é o elemento masculino da dança.
Na dança clássica há dois princípios fundamentais:
“en dehors” (para fora)
“en dedans” (para dentro)
São duas palavras francesas, pois todos os termos de dança clássica são em geral usados na língua francesa.
Destas posições saem todos os passos e a elas todas retornam:
Plié – é o ponto de partida de todo passo, além das posições de pés, para realizar qualquer passo, deve fazer-se o plié.
Alguns passos usados no adágio: arabesques, atitude e developpés.
O allegro é formado principalmente de saltos e batteries.
Batterie – é a batida de um pé contra o outro, ritmicamente, ou no ar ou no solo.
Principais saltos: changement, echappé, grand jetté cabriole.
Principais batteries: entrechats, que podem ser desde quatro até dez.
Principais rotações: piruetas e fouettés
Enchainemente – é uma serie de pequeninos passos, que servem para unir um passo ao outro, formando uma frase. O principal enchainement é o pás de bourrée.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Ballet

               Ballet
  O ano de 1672 é considerado como o inicio da historia do ballet de teatro, com a formação da Academia Real de Música e Dança (Academie Royale Musique ET de Danse), no reinado de Luís XIV. Até aqui o ballet é chamado ballet de cour; até mais ou menos 1730, os nobres misturavam-se com os bailarinos profissionais; os nobres tinham a suas roupas mais elegantes, e os profissionais recebiam papeis mais difíceis. O próprio Luís XIV chegou a dançar fazendo o papel do sol, numa peça chamada o “Ballet da Noite”; em 1669 ele parou de dançar devido à oposição que sofreu, os nobres seguiram o seu exemplo, e até 1725, não houve notícias deles no ballet; daí por diante o ballet tornou-se completamente profissional.
A transformação do ballet de cour para ballet de teatro deu-se lentamente, e quem realizou foi Jean Baptiste Lully, que conseguindo apoderar-se da Academia de Música e Dança, em 1672, manteve-a sob suas mãos até 1687.
As principais inovações de Lully foram às seguintes:
a)     elevação da dança até uma posição igual a da música;
b)    ação simultânea da musica, costumes, cenário e dança;
c)     introdução de bailarinas profissionais.
Até então os ballets eram representados apenas por bailarinos, tanto nos papeis masculinos como femininos, para esses papeis os homens usavam mascaras, a partir do dia que as mulheres começaram a representar, as mascaras foram condenadas.
Com o acesso das mulheres ao ballet, começaram a surgir às grandes bailarinas, as duas mais famosas foram: Maria Ana de Cupis, imortalizada pelo apelido materno de Camargo, e Maria Sallé.
Jean Georges Noverre (1727 – 1809) foi o primeiro a revoltar-se contra o puro virtuosismo predominante no ballet; ele criou o ballet d’action, onde a técnica era apenas um meio para a expressão, para isso os bailarinos tinham de renunciar aos passos muito complicados. Noverre discordou no uso de: roupas pesadas (que dificultavam a danças), perucas e de máscaras.
Entre os bailarinos do século XVIII, os maiores nomes que devem citar-se são: Vestris, Gardel e Luís Dupré.
Pierre Gardel foi quem aboliu as mascaras, seguindo os conselhos de Noverre.
Salvatore Vigano (1769 – 1821) também lutou contra o virtuosismo do ballet; trazendo grandes renovações na arte do seu tempo. Vigano deu naturalidade aos gestos, individualizou o corpo de baile, fazendo com que todos entrassem num ballet tivessem caracteres próprios; deu a sua arte o nome de Khoreodram (quer dizer um drama coreográfico).
Outra figura de grande importância no ballet foi Carlos Blasis (1797 – 1878). Blasis principalmente um grande teórico da dança clássica, estudou toda anatomia do corpo humano, e com isso trouxe um grande desenvolvimento da técnica; com seus estudos, deu a oportunidade para o surgimento da ponta, que é a principal preocupação do ballet romântico.
Por fins do século XIX, o ballet começou a declinar para o baile de ópera; é a época do apogeu da dança de ópera. O bailarino quase desaparece; é o período famoso da bailarina e dos balletomanes (maníacos pelo ballet).  

O Renascimente e o Clássico

   O Renascimento e o Clássico
  O Renascimento, movimento artístico e social, que se verificou por volta de 1500, deu a dança um grande desenvolvimento. No século XV, os balli aumentaram a duração e a faustosidade, requerendo maior contextura e argumentação; mais tarde, estes grandes balli começaram a ser realizados nas mansões italianas para as damas. Como os salões não eram grandes, só poderiam ser realizados espetáculos menores, chamado de balletto (pequeno baile); quando foi para a França se transformou em ballet, onde constituiu um espetáculo com caracteres próprios, que acabaram se firmando cada vez mais.
As danças populares do renascimento dividiram-se em duas categorias:
a)     As danças altas – são aquelas em que se levantam os pés e se golpeia o solo com movimentos rápidos e violentos, é a dança do povo.
b)    As danças baixas – lentas e majestosas danças dos nobres eram realizadas nos salões.
As danças altas, a dos camponeses, ao passar para os salões, necessitaram de uma regulamentação. Eram por isso submetida a um cerimonial, a normas especiais. Quem fazia este trabalho era o antigo jogral, transformado em mestre de dança (maître de ballet).
Entre as danças baixas, de caráter pomposo e nobre, surgiu inicialmente a pavana, dança majestosa, própria das grandes ocasiões, e que foi submetida pela courante, no século XVII, a qual era mais rápida.
Entre as danças camponesas, as mais antigas são os branles, danças saltadas e puladas, e as quais cada província apresentava a sua. Foi dos branles que saíram a gavota e o minueto.
As danças mais comuns nas cortes, naqueles tempos, eram: a mourisca, a gaillarde, o passepied.
A ordem das danças de salão predominantes durante os séculos é:
Século XV – século da carola;
Século XVI – século da pavana;
Século XVII – século da courante;
Século XVIII – século do minueto:
Século XIX – século da valsa.
Desta época em diante as danças de salão vão separando-se aos poucos do ballet.
 

A Dança através dos tempos e das culturas

A Dança através dos tempos e das culturas
  A dança surge com o homem; nas mais antigas culturas, são encontradas referência a esta arte.
Nos países mesopotâmicos (onde floresceram as culturas babilônicas e assírias), encontram-se documentos do século IX a.C. que mostra as procissões sagradas, realizadas por estes povos, que geralmente eram acompanhados por instrumentistas que levantavam o pé cadenciadamente.
Através da Bíblia, é possível saber quando Moisés voltou do Egito, Miriam e todas as mulheres saíram para recebê-lo, tangendo pandeiros e dançando, ao mesmo tempo em que cantavam.
Os judeus dançavam por ocasião de suas três festas anuais: a de Maio, a do Tabernáculo e a das Searas.
A mais antiga dança egípcia parece ter sido astronômica; supõe-se que aprenderam esta dança dos magos caldeus; estes magos, por seu turno, teriam aprendido dos primitivos habitantes da Índia. Os persas e assírios praticaram-nas, sendo elas legadas aos gregos através dos egípcios. Estas danças são encontradas ainda, mas já em formas evoluídas, no cristianismo, nas procissões sagradas, realizadas à noite, iluminadas por círios.
Na Grécia a dança estava presente em todas as atividades; os gregos utilizavam esta arte quer como divertimento, quer como educação, quer como espetáculo artístico, etc. Todas as camadas sociais dançavam, desde os filósofos e poetas até os trabalhadores e guerreiros.
As mais antigas danças eram usadas nos ritos para festejar Dionísios; deste rito é que nasceu o teatro cantado e dançado, nas suas formas primordiais, a tragédia e a comedia. Mas, além do servir no teatro, a dança fazia parte da ginástica do corpo e da educação da juventude. Havia as danças chamadas pírricas, que serviam para o desenvolvimento físico e guerreiro dos jovens.
Realizavam-se também dança em honra dos deuses; havia danças virginais, executadas por jovens virgens em cerimônias núpciais. Além destas havia as orgiásticas, as das festas publicas e de teatro, as da vida privada, realizadas em determinadas ocasiões, como nascimentos, aniversários, mortes, banquetes, etc.
A dança em Roma não guardou durante muito tempo o aspecto tradicional; os jovens patrícios começaram a dançar a noite, à luz das tochas, eram danças sensuais, nas quais ambos os sexos cobriam o rosto com mascaras. Eram as danças das bacanais puramente instintivas e sensuais. No teatro romano predominava a dança pantomímica.
Os primitivos cristãos dançavam e cantavam seus hinos e cânticos; até o século V, parece não ter havido proibições quanto as danças dentro dos templos; entretanto, do século X a XV, os documentos e textos demonstram que as danças nas festas que se celebravam, dentro dos templos, foram muito combatidas. Outros documentos do século XVI contam que padres e todo o povo dançaram em roda, cantando.
As danças medievais têm suas origens nas danças pagãs. Assim, a dança dos Archotes, que se realizava no primeiro domingo da quaresma, em torno de fogueiras, e as danças em torno do fogo de São João, que se realizavam em 24 de junho, tem sua origem nas festas cristãs em honra do fogo purificador, as quais eram chamadas Palilies.
A mais terrivelmente celebre das danças medievais de caráter religioso foi à dança dos mortos, a dança macabra: nesta dança entravam todos, ricos ou pobres, altos clérigos, comerciantes, príncipes, etc., para serem julgados pela morte, que saltava de alegria; pretendiam dizer que a morte ninguém escapa, nem pobres nem ricos, nem bons nem maus.
Na vida popular, nos salões nobres dançava-se uma dança majestosa e solene, a carola: era dançada em fila, e os pares iam de mãos dadas, passeando através dos salões dos castelos dos prados floridos, enquanto os músicos tocavam instrumentos.
        

A Dança II

           A Dança II
   Em teatros, boates, cinemas têm-se oportunidade de ver danças de “music-hall”, as quais, juntando os elementos mais populares de todos os tipos de dança, apresentam-os ao publico com o único objetivo de agradar. Há ainda as danças populares, as danças russas, as danças espanholas, as danças polonesas, etc. Também há povos como os hindus, que apresentam danças religiosas em honra de seus deuses.
A dança é uma linguagem de movimentos corporais; mas não se trata de qualquer movimento corporal, mas sim daquele movimento realizado com beleza, um movimento estético. Portanto a dança se trata de uma coordenação estética de movimentos corporais.
Apresenta duas características fundamentais: movimentos eurrítmicos e intencionalidade.
Eurrítmico (eu= belo, rithmos=medida, a repetição num determinado espaço de tempo; belo ritmo em grego) são movimentos belos, repetidos num determinado espaço de tempo.
Intencionalidade é a descarga emocional dos artistas, tendendo para fora, dirigida para fora.
Ou seja, a intencionalidade dos artistas, realizando-se através de movimentos eurrítmicos.
 A Dança
O homem dança para manifestar sua alegria, sua tristeza, sua angustia. No homem primitivo, a dança tem um caráter mágico; ele dança para: curar-se de uma doença, para pedir chuva, para assegurar a fertilidade da terra, para iniciar os adolescentes, para proteger os mortos e os vivos contra forças hostis, para celebrar a purificação que representa o casamento, para assegurar as vitorias nas guerras e caçadas, etc.
Estas danças podem ser:
a)     Imitativas
b)    Não imitativas
Na dança mágica imitativa, o artista é tomado por seu papel, seja de um animal, de um deus ou de um espírito. Uma força independente dele se apossa; nessas danças muitas vezes usam-se mascaras.
Na dança mágica não imitativa predominam os movimentos desordenados e convulsivos. Geralmente são realizados em círculos, com uma pessoa no centro. Sua energia age sobre os dançarinos que recebem a força emanada dela. Esta dança leva a um êxtase absoluto. Esta transferência da periferia ao centro e do centro a periferia, se faz com violência.
As danças mágicas, com o passar do tempo, tomam um caráter ritual, passam a ser regulamentadas e praticadas, segundo datas prefixas. Entre estas, tem as de iniciação, de ressurreição e outras. Com o tempo, perdem seu caráter mágico, ficando apenas o gesto estilizado. Passam então, da sua primitiva significação ritual, a uma exibição puramente artística.