O governo Manchu
A dinastia Ming teve seu fim, quando um rebelde caolho chamado Li Zi-tcheng atraiu um enorme exercito de camponeses desiludidos, vitimas da fome e da miséria; contra Pequim em 1644. A cidade imperial contava para se defender com um exercito inadequado de eunucos.
Após Li ter conseguido matar o imperador, o povo de Pequim saiu às ruas para saudá-lo; mas a recepção calorosa terminou em terror, com indisciplinados rebeldes mergulhando numa orgia desenfreada de pilhagem e morte.
Foi então que os manchus tiveram a oportunidade de atacar Pequim; seus soldados além de não encontrarem resistência, ainda tiveram o apoio de Wu Sangui (o general chinês que lhes barrara o caminho anteriormente), pois ele decidiu juntar as suas forças as dos disciplinados estrangeiros, contra o exercito assassino de Li. Diante dessa aliança, os rebeldes fugiram e os conquistadores proclamaram sua dinastia Ching como a legitima sucessora dos Ming. Abahai (líder dos manhcus) morreu no ano anterior. Seu filho, Shun-tsi de cinco anos, tornou-se o primeiro imperador Ching; e Dorgon seu tio, seria o principal regente.
Shun-tsi
A tarefa mais urgente dos novos dirigentes da China era assegurar o controle sobre o vasto país que caíra tão facilmente em suas mãos. A resistência Ming representou uma ameaça pequena aos exércitos Manchus, mas o ultimo pretendente serio ao trono foi executado em 1662.
Mas o grande desafio para a dinastia Ching, foi um nobre meio – japonês Tseng Tcheng-gong, conhecido pelos ocidentais pelo nome de Coxinga. Recusando-se terminantemente a reconhecer a autoridade Manchu, apesar da oferta de termos generosos de paz, Coxinga reuniu um exercito de mais de cem mil homens e dominou a costa do centro e do sul da china. Em 1659, quando Coxinga estava a ponto de capturar Nanjing, a maior cidade do império; deixou-se levar pelo entusiasmo, e comemorou com seus soldados, o seu aniversário. Por terem ficado a noite inteira acordados, tomando vinho, na manhã seguinte todos estavam indispostos, e acabaram tendo uma derrota vergonhosa.
Dois anos depois da derrota em Nanquim, o exercito de Coxinga conseguiu vencer uma pequena guarnição holandesa na ilha de Taiwan e estabelecer ali uma base permanente. Foi preciso a invasão Ching de Taiwan, em 1683, para dar fim a resistem e incorporar a ilha ao estado Chinês.
Como os Manchus fizeram um esforço considerável para respeitar os velhos códigos de justiça da China, a maioria da elite achou mais fácil transferir sua lealdade para os novos dirigentes. Os funcionários Ming foram bem recebidos de volta à administração e até tiveram permissão para conservar seus trajes distintivos.
Os manchus insistiram para que os funcionários raspassem a parte dianteira da cabeça e usasse rabichos a maneira manchu. O novo regulamento provocou amplo ressentimento, pois esse símbolo humilhante de subserviência a uma cultura estrangeira jamais deixou de exasperar os nacionalistas chineses; com efeito, a remoção do rabicho tornou-se um símbolo de revolta contra a dinastia manchu.
Nos esforços para tornar mais fácil a transição da dinastia Ming para a Ching, o imperador Shun-tsi desempenhou um papel extremamente importante, estimulou ativamente a erudição confucionista e tentou eliminar a corrupção onde quer que a encontre.
Kang-xi
Quando Shun-tsi morreu de varíola, seu terceiro filho Kang-xi assumiu o trono; em especial por ele ter sobrevivido a um ataque de varíola e adquirido imunidade contra a doença.
Como Kang-xi era muito jovem para assumir o poder pessoalmente, Oboi, um importante nobre manchu da época, assumiu o cargo de regente; ele reverteu a política justa e pró - chinesa de Shun-tsi; proibiu os funcionários de criticarem o governo numa serie de medidas restritivas, e os suspeitos de sentimentos antimanchu eram presos e torturados.
Oboi só não durou mais na regência porque sua política ditatorial acabou ofendendo Kang-xi, que assumiu formalmente o poder em 1667, com 13 anos de idade.
Kang-xi baixou uma lista de dezesseis princípios morais; que se tornou conhecida como os Editos Sagrados, em que o próprio imperador empenhou-se em seguir essas orientações ao longo de sua vida. Cultivou classe intelectual chinesa e controlou o comercio com o mundo exterior com vantagem para a China. Sob a liderança dele, o domínio manchu não só se legitimou na China, como também se consolidou em todo o país, a sua conquista da Mongólia deu inicio ao processo de expansão dentro da republica popular da China e além dela.
Logo nos primeiros anos de seu reinado Kang-xi teve que enfrentar três poderosos generais chineses (um deles era Wu Sangui, que ajudou os manchus a tomar Pequim); no sul e no oeste do país, eles dominavam províncias que haviam praticamente transformado em estados independentes. Quando Kang-xi avançou contra um dos generais, Huang-dong, no extremo sul, os três revoltaram-se, e vieram tropas de Taiwan mandadas pelo filho de Coxinga para ajudá-los. Essa poderosa rebelião quase conseguiu expulsar os manchus do país, mas conseguiu prevalecer em 1681 com a ajuda de generais leais. Dois anos depois, invadiu Taiwan, derrotando o neto de Coxinga a acabando com a guerra civil, logo depois derrotou os três generais e ocupou Taiwan.
Kang-xi convenceu os jesuítas a fundirem canhões na China, e os prisioneiros de guerra russos foram convocados para mostrar o funcionamento das novas armas e acabaram se incorporando ao sistema de estandartes.
Os manchus ao assumirem o sistema administrativo Ming, também acrescentaram vários melhoramentos próprios. Dividiram algumas províncias ao sul da Grande Muralha em unidades menores, tendo um total de dezoito.
Embora o sistema de governo tenha permanecido o mesmo, o peso da tributação sobre os pobres foi consideravelmente aliviado e houve um amplo declínio da pratica da servidão. A proporção de grandes terratentes diminuía á medida que aumentava a importância de camponeses moderadamente prósperos, com seus interesses protegidos pelo estado.
O comercio marítimo da China também teve uma expansão considerável, no reinado de Kang-xi. As principais exportações saíram de Cantão, no sul, onde se embarcavam chá, seda, tecidos finos de algodão, porcelanas e objetos de laca para a Europa.
Os jesuítas floresceram sob a nova dinastia, enriquecendo a vida intelectual da corte manchu; Kang-xi lhes concedeu altal posições na corte, mesmo assim eles se ajoelhavam diante do imperador. Também ajudaram a chamar a atenção de grandes pensadores e escritores da Europa para a civilização chinesa, entre eles: Spinoza, Voltaire, Goethe, Diderot e Adam Smith.
Kang-xi fazia várias viagens pela China, para observar os problemas de seu domínio pessoalmente: inspecionando obra publicas, perdoando criminosos, ouvindo reclamações; às vezes, lendo os exames de candidatos ao serviço público.
Quando Kang-xi morreu seu quarto filho assumiu o trono. O império manchu continuou a se expandir, em 1760 atingiu su7a extensão máxima. No final do século XVIII, começou um declínio que, no espaço de cinqüenta anos, se tornou um deslizamento irreversível para a dissolução. As potências européias se aproveitariam rapidamente das fraquezas internas da China para conquistar vantagens comerciais. Assim conseguiram por fim no poder imperial em 1912. E os manchus foram os últimos a assumir o império da China.