A Cultura e os costumes do Japão de Tokugawa
As classes sociais
Como alguns samurais foram favorecidos pelas fortunas das guerras civis do século XVI, a ponto de ficarem conhecidos como “senhores súbitos”; e até os camponeses tiveram a chance de alcançar o cobiçado status de guerreiro. Os xoguns Tokugawa, do século XVII, realçaram a estabilidade de seu regime impondo um rígido sistema de classes, baseado nos princípios confucionistas da lealdade e obediência. A legislação Tokugawa reconhecia quatro grupos principais: samurais, camponeses, artesãos e comerciantes.
A elite guerreira ocupava o nível mais alto e os demais seguiam essa ordem. As distinções de classes eram consideradas hereditárias e imutáveis; apesar disso, certo grau de mobilidade social sobreviveu, artesãos favorecidos podiam ser recompensados com privilégios de classe superior e, no final do século, muitos comerciantes desfrutavam de riquezas e posições de confiança que provocavam a inveja de seus superiores sociais.
O teatro nô e o cabúqui
O século XVII assistiu uma revolução no teatro japonês; no inicio o teatro era tradição nacional, um estilo desenvolvido pelo menos duzentos anos antes, com raízes em rituais religiosos: dois ou três atores encenavam algum episodio histórico sagrado, envolvendo amiúde a aparição de um fantasma ou demônio enquanto um coro comentava a ação.
Embora esse drama clássico continuasse a ser encenado nos séculos seguintes, não se escreveram peças na tradição nô após o século XVI. Em lugar dele, um novo estilo ganhou popularidade “o cabúqui” (chamado literalmente de a arte de cantar e dançar).
O cabúqui tinha suas origens na trupe de uma atriz chamada O-Kuni, que organizou danças e apresentações dramáticas em Quioto a partir de 1596. As peças estavam cheias de expedientes reprovados pelos cultores do nô: bufenaria e melodra, acrobacia e diálogos realistas.
Suas tramas complexas, às vezes baseadas em eventos recentes, procuravam divertir sem pejo. Os críticos reclamaram da vulgaridade do novo teatro, mas foi no período de Tokugawa, que o cabúqui encontrou uma platéia entusiástica nas cidades.
A cerimônia do chá
A cerimônia do chá é para os chineses um símbolo de harmonia interior, desde o século VIII; os japoneses importaram para ele esse ritual. Sob a influência do Zen budismo, acabou refinando-se numa cerimônia conhecida como Wabi “simplicidade”: no ambiente parcamente decorado numa humilde cabana no jardim, o anfitrião recebia seus convidados, fervia a chaleira, batia o pó numa tigela e depois oferecia a bebida com espírito de modéstia. Esse estilo antingiu seu apogeu no século XVI, com o mestre do chá Sem Rikyu.
No século XVII os mestres do chá reviveram a mais ostentatória cerimônia daimio, que permitia ambientes mais amplos, utensílios ricamente decorados e assentos separados para os grandes senhores.
Nos anos seguintes, esse estilo foi formalizado e codificado por escolas de chá, sob a influência o ritual se tornou recreação para a classe média.
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