sábado, 15 de janeiro de 2011

O Japão e o Cristianismo (1542 - 1638)

      O Japão e o Cristianismo (1542 - 1638)
  O cristianismo católico chegou ao Japão através dos europeus; para a ordem estabelecida naquela época (1542), os missionários jesuítas eram potencialmente mais perigosos do que as armas ocidentais (arcabuz): um católico japonês tinha lealdades que transcendiam aquelas devidas ao país e ao imperador. De inicio os missionários fizeram poucas conversões.
No tempo de Nobunaga o cristianismo tornara-se quase moda entre os círculos da corte e, já na década de 1580, chegavam a 100 mil ou mais conversos, centrados na ilha de Kyushu, em especial em torno do porto de Nagasaki. Hideyoshi (autoridade da época) suspeitava deles como uma possível fonte de deslealdade e, em 1587, baixou um edito expulsando todos os missionários cristãos do Japão. Como os mercadores ainda eram bem vindos, os missionários podiam ser facilmente confundidos com eles; assim protegidos por subornos discretos e pela distância, os jesuítas continuaram a sua obra em Kyushu, enquanto Hiideyoshi se ocupava com outros assuntos.
Em 1618 começou a grande perseguição aos cristãos japoneses. Nos dezesseis anos seguintes, todas as igrejas foram destruídas e todos os padres encontrados, foram expulsos ou executados. Com eles, pereceu uma multidão de conversos. No começo, o objetivo era simplesmente suprimir a fé: centenas foram crucificadas, queimados em fogueiras, assados em grelha ou jogados nas fumarolas sulfúricas que abundavam no vulcânico Japão. Mais tarde os perseguidores decidiram fazer os cristãos negarem a sua fé: um dos métodos usados era enrolar a vitima em um saco, amarrá-la apertado para impedir a circulação e pendurá-la de cabeça para baixo sobre um buraco; só a mão esquerda ficava livre para fazer um sinal de abjuração; as mulheres cristãs eram forçadas a engatinhar nua pelas ruas, antes de serem pubicamente estrupadas e jogadas em buracos de cobras. Para escapar desse destino, muitas pessoas, inclusive padres jesuítas, abandonaram a sua fé. Outros conseguiram manterem-se cristãos às escondidas, apesar do fato que, se fosse descoberto, as cinco famílias mais próximas de ambos os lados de sua moradia também seriam executadas, a não ser que denunciassem os conversos as autoridades.
Em janeiro de 1638, cerca de vinte mil camponeses, armados com arcabuzes e liderados por uns poucos samurais cristãos, capturaram o castelo de Shimabara, no golfo de Nagasaki, e se reuniram ali com suas famílias. Com os exércitos do xogun atacando e um navio holandês (que veio em auxilio do governo) bombardeando, eles conseguiram resistir por quatro meses, enrijecidos pela adversidade. Quando as forças do xogun conseguiram romper as muralhas externas, logo penetraram no interior do castelo, e massacraram seus defensores, restando apenas 105 prisioneiros. A partir de então, com exceção dos holandeses, não houve mais cristãos conhecidos no Japão.



   

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