quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Quando a Arte subsite às interpretações

Quando a Arte subsiste às interpretações
1.     As pessoas não acreditam, e nem querem acreditar na mortalidade da arte, nem de uma arte.
O que há de eternamente atual nas grandes obras é precisamente o que transcende ao tempo.
2.     Dizer-se que uma arte é inferior a outra é manifestar a incompreensão, falta de perspectiva ou “excesso de perspectiva”.
O fenômeno estético é um fenômeno de vida, e exige também uma lógica existencial.
3.     Arte não é um sistema. Arte é vida.
 É ingenuidade acreditar nos limites da arte.
4.     As pessoas querem na arte algo pra conquistar.
Não tem o valor da vitória o que se consegue facilmente.
5.     Cada época histórica tem lógica; variam os preconceitos, os postulados e os axiomas na arte, assim como variam na vida.
 Só assim se compreenderá porque nascem, desaparecem, morrem ou ressuscitam os modos de expressar o fenômeno estético.
6.     É o definitivo que marca o fim do artista.
 Considerar que sua obra atingiu o limite é o maior mal que pode sobrevir a um artista.
7.     Atingir o trágico é uma possibilidade do artista, até para o quotidiano, até para a terra – a – terra.
A música na arte já é uma vitoria sobre o espaço; não o refuta, apenas o completa.
8.     A arte moderna é uma arte para ser interpretada.
A arte moderna exige, para sua plena fruição, o espectador como interprete.
9.     Na ficção a mentira se torna verdade, verdade que o espectador quer acreditar, verdade que saiu da imaginação do narrador.
 Na arte não existe separação entre “aparência” e “verdade”; nela tudo que convence é verdade.
10.  O artista não deve se prender a uma idéia.
 O artista tem o direito de ser muitas vezes incoerente.
11.  Se pelo fato de, na decadência de uma arte, manifesta-se um excesso de pormenores, ou multiplicidade erudita, não quer dizer que toda simplicidade seja plenitude.
       A decadência também se manifesta no simples.
12.  O artista é ainda o grande comunicador da alma.
A arte se comunica, numa linguagem que não é a da ciência, verdades psíquicas profundas.
13.  Para a arte, ou para uma arte, pode buscar produzir efeitos com elementos de outra.
 Na arte, atualmente, coordenam-se as artes, alargam-se os horizontes
14.  Não existe um antagonismo irreconciliável entre natureza e artista.
 Copiá-la não basta transformá-la não é tudo, não é o meio termo o que é desejável, mas a conjunção dos extremos.
15.  Querer que os homens falassem a verdade é preconceituar.
A verdade nada tem a ver com a arte.
16.  Para o artista só a estética pode justificar o mundo.
 E grandes são as justificações, grandes são as realizações e as idéias, grandes os homens, quando a todos eles se alia algo de estético.
17.  A arte é também uma forma de medir as coisas.
 O homem ao medir descobre a si mesmo, é, portanto, um ato de criação.
18.  É já num estagio superior que o homem interpreta a si mesmo ou se evada de seus instintos por formas de cultura.
 Toda vez que uma obra de arte é capaz de produzir o fenômeno estético em mais de um ser humano, essa obra de arte é social.
19.  Toda verdadeira obra de arte subsiste as interpretações.
A crítica não a esgota, a análise não a esteriliza; e quando possui o eternamente atual, encontra em cada geração seus interpretes.
20.  Não há artes superiores.
 A capacidade emotiva de um “homem cultural” corresponde à sua cultura.
21.  Assim como na musica, há algo na poesia que transcende ao mundo do conhecimento óptico, pois este é limitado às resistências luminosas.
É a arte que tem ensinado que o limite é apenas uma resultante da experiência das pessoas, e há possibilidade de um espaço cósmico sem limites e que exceda também a possibilidade óptica.
22.  A própria pintura nega as afirmações da teoria do conhecimento.
É que o mundo, como é conhecido, é uma acomodação do que as pessoas fazem e não representa toda a realidade.

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